domingo, 27 de maio de 2012

Robinson Cavalcanti - Semana Jovem IBAB 2010

O Mutirão de Oração por crianças e adolescentes em vulnerabilidade social

O Mutirão Mundial de Oração (MMO) é a união de cristãos em todo o mundo para orar por crianças e adolescentes em vulnerabilidade social. Por iniciativa da Viva (www.viva.org), ele acontece há 16 anos em mais de cem países. Desde 2003, ele é também promovido no Brasil pela Rede Mãos Dadas. Em 2010, o Mutirão envolveu mais de 30 mil pessoas. O MMO integra a Campanha Latino-americana pelos Bons Tratos da Criança (www.maosdadas.org/bonstratos) e este ano também está apoiando a Campanha de Enfrentamento à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes no Turismo.




Só vivemos uma vez



Ricardo Gondim


Não teremos outra vez. Não, ninguém espere outra chance. Nascemos condenados ao horror de ver a ampulheta sangrar areia, os calendários acelerarem, os relógios se fracionarem em milésimos de segundos. Vamos morrer. E depois que tudo tiver cumprido o seu destino, restará o quê? Diremos: “E agora, que a faca cortou, a lira tocou, o sol iluminou e o soldado matou?”. Sobrarão nossos vestígios.
Um dia todos passarão. Não ficará ninguém para observar nada. Meros rastros empoeirados testemunharão para o vazio que alguém andou por aqui. Mas a estrada permanecerá deserta.
Como serão os escombros? Nas universidades, livros, teses, nomes, que nada significam; nos museus, paisagens mortas; nos quartéis, medalhas enferrujadas; nos bancos, cofres lacrados; nos templos, bolor.
Depois de exercer a sua missão, o próprio tempo deixará de existir. Não haverá antes e depois. O assobio do vento não precisará viajar até ouvidos atentos. Se antes tudo era mudança, tudo se tornará estático. Terminarão as causas e os efeitos. Cessarão os contrastes.
Sem olhos, não existe beleza. Vitrais intactos perderão o esplendor; ninguém vai declarar alumbramento. Serão inúteis: por do sol, lua cheia, maré em ressaca, pororoca. Flautas, trompetes, pianos, pandeiros, harpas, jazerão em palcos desabitados diante de auditórios ausentes.
Somos um nadinha no tempo e nossa vaidade, uma neblina. O Eclesiastes também quer sacudir: “O destino do homem é o mesmo do animal; o mesmo destino os aguarda. Assim como morre um, também morre o outro. Todos têm o mesmo fôlego de vida; o homem não tem vantagem alguma sobre o animal. Nada faz sentido! Todos vão para o mesmo lugar; vieram todos do pó, e ao pó todos retornarão” [3.19-21].
Não demora e tudo deixará de ser. Breve seguiremos o caminho dos mortais, bem como o próprio planeta, que se apagará como se apagam as estrelas. Desapareceremos todos como desaparecem os vermes.
Portanto, enamoremo-nos.
Vivamos o instante impreciso.
Aspiremos o ar como se dele viesse o elixir da juventude.
Abandonemos resmungos.
Não nos exilemos nas masmorras que a neurose cria.

O tempo se chama agora. O dia é hoje. A vida é eterna devido à impermanência – eixo paradoxal.
Tornemo-nos jardineiros de prados.
Saiamos das estufas climatizadas.
Sejamos menos especialistas e mais aventureiros.
Corramos mais riscos.
Desobedeçamos aos cabrestos.
Testemos nossa afoiteza.
Encarnemos a inutilidade do afeto.
Assumamo-nos cafonas, bobinhos, no anseio de amar a poesia.

Antes que chegue o fim, fecundemos a vida com ternura.
Borboleteemos o pólen do amor.
As moradas eternas são vizinhas nossas.
Mudemo-nos para lá enquanto é tempo.

sexta-feira, 18 de maio de 2012

DIA 30 DE ABRIL DE 2012 A IGREJA DE SANTA CRUZ DO CAPIBARIBE-PE INAUGURA O TEMPLO PRÓPRIO DA SUA CONGREGAÇÃO EM CARAÚBAS – NO CARIRI PARAIBANO!


Em Março de 2005, a IBIB de Santa Cruz do Capibaribe-PE, através dos irmãos José Ronaldo da Silva e Orlando Sebastião da Silva, abriu uma Congregação Batista Independente no Cariri da Paraíba, na cidade de Caraúbas-PB. o Diácono Orlando Sebastião assumiu o campo realizando trabalhos semanais devido a dificuldade com as estradas de barro que tem um percurso de 46Km de distância de Sta Cruz do Capibaribe-PE. Em Setembro de 2007 o casal Joana D'arc e Ronaldo Henzel (do Ministério Pão é Vida) deram-nos um ótimo apoio na evangelização em Caraúbas - por 45 dias.  E, no final de 2007, com os trabalhos já bem encaminhados e estruturados o campo teve seu primeiro obreiro de tempo integral que foi o casal Jader e Cherlli (do Ministério Conexão Ide). O casal Jader e Cherlli foi sustentado pelas Igrejas Batista Betel de Sta Cruz do Capibaribe-PE e Batista Betel de Sta Rita-PB por 18 meses, tempo este em que o casal contribuiu para que a Congregação criasse vínculos com várias pessoas da sociedade afim de que as portas para o evangelho se abrissem mais e mais. Em Setembro, após a saída do casal Jader e Cherlli - que se deu em Julho de 2009, o campo foi suprido pelo casal Francisco e Cláudia - por 50 dias. Por fim, em Janeiro de 2010, o Pr Edmilson dos Santos (38 anos, SOLTEIRO), assumiu o campo e lá está até hoje. Tanto o Pr Edmilson quanto a manutenção do campo, são mantidos integralmente pela Igreja de Sta Cruz. Edmilson é teólogo e concluinte do Curso de Filosofia. Durante estes sete anos vivenciamos muitas lutas internas e externas, crises financeiras e etc, no entanto, Deus nos abençoou espiritualmente nos mantendo firmes no SEU PROPÓSITO, pois, "O interesse de Deus não é menor que o mundo inteiro. Ele quer salvar TODA sua criação!" - com isso, entendemos que o SENHOR ama e quer salvar aqueles que estão no sertão e no cariri do nosso imenso Brasil. Não abrindo mão da visão que Deus nos deu, Ele nos honrou salvando vidas, edificou Sua igreja e nos presenteou com um lindo templo de 160 metros quadrados. O templo é situado numa ótima localização e hoje é Cartão Postal da cidade caraubense que tem cerca de 5 mil habitantes.

Na Inauguração do templo foi um momento histórico, emocionante e muito bonito! Estiveram presentes mais de duzentas pessoas e algumas igrejas marcaram presença no evento. Contamos com as presenças, como por exemplo, a do Pr Waldir (Sta Rita-PB, membro da liderança da CIBIPB), Missionária Qille (Norueguesa), Pr Claudir da Silva (Presidente da CIBIPE) e demais obreiros ilustres que estão nas fotos. Na ocasião consagramos ao Diaconato um obreiro local, o irmão Joseilton. Com este evento histórico ocorrido numa cidade pequena e pacata cremos que, com a construção do templo, foi iniciado UM MARCO na história do cristianismo em Caraúbas-PB que é uma cidade tradicionalmente Católica Romana. Todos os caraubenses também estão encantados com o milagre do novo Templo que foi erguido em cerca de sete meses e por ter sido construído através da pequena e humilde Igreja de Sta Cruz do Capibaribe-PE. Para Deus seja toda honra, toda glória, todo o louvor e todo o poder para sempre, pois "O BRAÇO DO SENHOR FEZ ISSO" -  Is. 41.20.  E nós, como estamos? É um fato, uma realidade! Um milagre! Mas, ainda estamos como quem sonha...


PARABÉNS a todos os irmãos da IBIB de Sta Cruz, uma verdadeira EQUIPE! Agradecemos a todos que nos apoiaram, oraram por nós e também aos que puderam contribuir com donativos para o bazar e com dinheiro para que este templo fosse construindo. Agradecemos ao Pr Ricardo da Igreja Batista Independente de Niterói-RJ e as igrejas Batista Independente de Pernambuco pelo amor a nós e o apoio a este ministério. Não tem como agradecer a todos citando nomes, portanto, sintam-se todos, de uma forma ou de outra, COOPERADORES desta Obra no Cariri da Paraíba recebendo o nosso MUITO OBRIGADO a TODOS! Continuem orando por nós para que o SENHOR nos der estratégias e condições para enchermos esta Casa de Oração de pecadores arrependidos! A Ordem do SENHOR ainda é a mesma: “Ide por todo o mundo e pregue o EVANGELHO (poder de Deus) a TODA criatura...”; que Ele continue nos abençoando. Amém!

Prª Maria Marques
Pastora Titular da IBIB

terça-feira, 15 de maio de 2012

terça-feira, 8 de maio de 2012

I ENCONTRO DE TEOLOGIA DO AGRESTE!






Debaixo da sombra





A sombra é uma coisa maravilhosa. Que o diga o agricultor que trabalha o dia inteiro debaixo do sol. Pode ser a sombra de um pequeno arbusto, debaixo do qual Hagar colocou Ismael, então um adolescente de 14 anos (Gn 21.15). Ou a sombra de uma enramada, debaixo da qual Jonas se colocou para proteger-se do sol e do calor (Jn 4.5). Ou a sombra daquela gigantesca árvore do sonho de Nabucodonosor, que cobria a terra e cuja altura chegava até o céu (Dn 4.10-12).
 

A Bíblia fala de uma sombra sobrenatural, que acompanhou o povo de Israel do Egito a Canaã, por um espaço de 40 anos! Era uma coluna de nuvem que andava e parava, de acordo com a marcha do povo eleito em direção à terra prometida: “Nunca se apartou do povo a coluna de nuvem durante o dia e a coluna de fogo durante a noite” (Êx 13.22). Essa nuvem lhes servia de toldo (Sl 105.39) e abrandava-lhes o calor causticante do deserto (Is 25.5). Ela permaneceu sobre mais de seiscentos mil israelitas (Nm 1.46) por mais de quatorze mil e seiscentos dias.
 

Essa beneficência de Deus não se restringe exclusivamente ao povo de Israel. Qualquer um pode se colocar debaixo de uma sombra mística. Enquanto caminhavam em procissão para Jerusalém, os judeus cantavam: “O Senhor é quem te guarda; o Senhor é a tua sombra à tua direita. De dia não te molestará o sol, nem de noite, a lua. O Senhor te guardará de todo mal, guardará a tua alma. O Senhor guardará a tua saída e a tua entrada, desde agora e para sempre.” (Sl 121.5-8.)
 

Mais amplas que a copa das árvores são as asas de Deus, figura pela qual o crente reconhece a sombra do Onipotente e dela usufrui: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente, diz ao Senhor: meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio” (Sl 91.1, 2).
 

O mais dramático lamento de Jesus tem algo a ver com a recusa do homem de colocar-se sob suas asas: “Jerusalém, Jerusalém, quantas vezes quis Eu reunir os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintinhos debaixo das asas, e vós não o quisestes!” (Mt 23.37.)
 

Para suportar e superaro calor das tentações, o calor das paixões, o calor da cultura mundana, o calor das potestades do ar, o calor da injustiça, o calor da oposição, o calor do cansaço, o calor da dor — é preciso falar com Deus: “Guarda-me como a menina dos olhos, esconde-me à sombra das tuas asas, dos perversos que me oprimem, inimigos que me assediam de morte” (Sl 17.8, 9).

 Retirado de Pastorais para o Terceiro Milênio (Editora Ultimato, 2000)



Os dois tipos de igreja evangélica



Havia há alguns anos no Brasil dois tipos clássicos de igrejas protestantes: as tradicionais e as renovadas. Conseqüentemente dois tipos de crentes: o tradicional e o renovado.

O tradicional pertencente às correntes históricas do protestantismo como o anglicanismo, o presbiterianismo, batista ou metodista não cria em certas manifestações do Espírito Santo nos dias de hoje, não tolerava certos instrumentos na igreja e preferia um estilo de culto com hinário e à moda do século XIX ou ainda melhor do XVIII, ou seja, como o próprio nome diz era a tradição protestante que exercia um papel central em sua vida religiosa.

Já o renovado rompia com as tradições, adotando músicas de louvor modernas, permitindo outros instrumentos desde a guitarra e bateria até pandeiros, atabaques, sanfonas e triângulos. Além disso, as palmas, danças e uma pregação mais espontânea entraram na liturgia do domingo. Isso tudo sem falar na ênfase dos dons de línguas, profecias e curas. Assim o renovado era aquele que tinha uma ligação com o movimento pentecostal iniciado há 100 anos nos EUA. Ele pertencia, então, às igrejas Assembléia de Deus, Pentecostal, Comunidades, e uma série de igrejas independentes que surgiram, além daquelas tradicionais que se dividiram acrescentando ao seu nome o termo “renovada”.

Na época de minha conversão, no final dos anos 80, esses eram os dois principais tipos de igreja que percebi existirem no Brasil. Com o passar das décadas vi que duas coisas mudaram: as igrejas e eu mesmo. Assim essa divisão tão marcante pra mim se atenuou ao ponto de quase não mais existir.

Um texto rico de significado e história cristã (Amazing Grace) foi postado por nosso amigo de Juiz de Fora. Ele me fez pensar novamente nessa realidade da graça de Jesus. Concordo plenamente com o Almir quando ele separa disciplina e discipulado.  Erroneamente muitos cristãos atribuem todo tipo de sofrimento à atuação do inimigo, e se esquecem que, por exemplo, foi Deus quem enviou a tempestade e o peixão para o profeta Jonas que estava deliberadamente desobedecendo ao Pai.

Esses dias, relendo o livro de Salmos eu fiquei mais uma vez surpreso com o linguajar forte do verso 32 do Salmo 89 “Então visitarei com vara a sua transgressão, e a sua iniqüidade com açoites”. Sem dúvida é o nosso próprio Pai celestial quem nos faz sofrer, muitas vezes, para que aprendamos definitivamente lições imprescindíveis para o nosso caminhar e salvação.

Se houve uma época em que Deus era visto como um carrasco cruel e todo tipo de desgraça era logo relacionado ao castigo de um Deus severo e sem misericórdia, a sociedade pulou rapidamente de um extremo para outro, onde Deus é um pai tão bonzinho que nunca se zanga, permite tudo, e não encosta se quer um dedo nos seus filhinhos (mimados).

Dois livros que tratam com muita propriedade do assunto graça, nos remetendo para o equilíbrio saudável entre esses dois extremos são “Maravilhosa Graça” e “O Despertar da Graça” escritos respectivamente por Philip Yancey e por Charles Swindoll. Aliás, foram essas leituras que abriram meus olhos para a real e bíblica divisão que existe entre os cristãos: aqueles que vivem a graça e aqueles que são legalistas.

Independente daquilo que entendemos por lei (mosaica, tradicional ou renovada), existem sempre aqueles cristãos que querem impô-la para outros. Desconsiderando a própria consciência do irmão, a competência paterna divina e o senhorio de Jesus, esses cristãos tentam assumir para si mesmos o papel de guardiães da moral. Provavelmente a melhor maneira que fazem isso é escondendo o rebanho de outros pontos de vistas (a famosa cerca legal) ou simplesmente interpretando a Bíblia a seu bel prazer, como Marcos Bontempo escreveu esta semana. E assim forçam a barra, sobre outros crentes, querendo moldá-los à sua própria maneira de entender e vivenciar a fé cristã. Como muitos acabam caindo nessa armadilha, achando que só assim agradam a Deus, cumprindo as regras de uma rigorosa cartilha elaborada por irmãos “super espirituais”, acabam também existindo igrejas inteiras, se não denominações, que vivem de forma legalista, longe da graça divina. Esse é o primeiro tipo de igreja.

Por outro lado existem aqueles que preferem, ainda que sob o risco de serem mal interpretados, do abuso da graça e da má fé de alguns pregarem simplesmente a graça. Esses vêem muitas vezes que esses abusos são severamente punidos pelo Pai, e por isso mesmo não se calam e alertam para a seriedade que envolve o seguir a Cristo. Todavia, somente esse cristão, que vive o verdadeiro evangelho da graça experimenta a verdadeira alegria e a segurança que ele traz, pois eles são selados com o Espírito Santo (Ef 1.13). Estes conseguem viver melhor em comunidade e desfrutar de relacionamentos sadios dentro e fora da igreja. O conjunto desses indivíduos forma o segundo tipo de igreja que, na verdade, na verdade, é o único que existe independente de serem tradicionais ou renovados.
  

Mortalidade infantil cai pela metade



Dados do IBGE apontam queda notável, em 10 anos, do número de crianças que morrem antes de atingir 1 ano de vida

redacao@folhauniversal.com.br
Da redação
Com alguns números animadores, outros com pequeno avanço e dados inéditos que mapeiam a situação do País, o Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE) divulgou no fim do último mês os Resultados Gerais da Amostra do Censo 2010. O grande destaque ficou com a mortalidade infantil, que caiu notáveis 47,6% entre 2000 e 2010. O número de crianças que morrem antes de completar um ano passou de 29,7 para 15,6 a cada mil nascidas.

O Nordeste puxou a fila da queda, registrando 58,6% óbitos a menos, agora com a marca de 18,5. O Sul se manteve com o menor índice: 12,6. As duas regiões estão longe do patamar ideal, de países desenvolvidos, que é de apenas um dígito: 5. Apesar de as crianças brasileiras virem ao mundo mais saudáveis, com condições de sobreviver até a idade adulta, elas estão nascendo em menor quantidade. A taxa de fecundidade de 2,38 filhos por mulher, em 2000, caiu para 1,90 em 2010. A situação não é suficiente para o chamado "nível de reposição" (em 2,10, que os especialistas veem como mínimo para garantir a substituição de gerações. Curioso é que todas as regiões do País contribuíram neste item, com o Nordeste na liderança.

Para quem endossou a estatística, o cenário dos estudos dá sinais de melhora. O número de jovens de 7 a 14 anos que não estava na escola caiu de 5,5% para 3,1%. Do grupo dos que já têm mais de 10 anos, a conta de quem não tinha qualquer instrução baixou de 65,1% para 50,2%. A parcela dos que têm curso superior subiu: de 4,4% para 7,9%. O que pode ser um dos fatores para o aumento de renda – ainda que em percentuais tímidos. Da população ocupada no momento da pesquisa, o rendimento mensal ficou em R$ 1.345, contra R$ 1.275 de 10 anos antes. Um registro importante, jamais feito, foi o de pessoas com pelo menos uma deficiência (visual, auditiva, motora e mental). Segundo o IBGE, Em 2010 o País tinha 45,6 milhões nessas condições, o equivalente a 23,9% dos brasileiros.

domingo, 6 de maio de 2012

Inevitável gospel



  
Uma plataforma para a nova geração subir e fazer a história acontecer! É o que construiu o movimento gospel, deixando um legado a ser considerado pelos novos artistas cristãos. Algumas respostas possíveis são provocadas por sua força: 

1ª) Negação. Alguns artistas insistem em negar a existência do movimento gospel (uma imbecilidade).

2ª) Adesão. Desconsiderando os sinais para um novo rumo ou assumindo um ofício para repetição ou renovação, alguns entram na onda gospel, pois convivem bem com a ambígua figura eclesiástica-artística, evangelística-teatral (uma eterna tensão e mistura das “montanhas”: religião justificando artes e entretenimento).

3ª) Crítica psicótica. A doentia opinião que vê o movimento gospel como uma grande conspiração religiosa, marqueteira e catequética de grande mau gosto (uma generalização que não corresponde à realidade, por isso o adjetivo “psicótico”) 

4ª) Interpretação histórica. É plausível considerar o movimento gospel como fenômeno preparatório para o que se constrói hoje em dia: uma música brasileira de raízes cristãs.

Digo que ele prepara para o que é feito hoje em dia - tempo de simultaneidades - por alguns motivos. Um deles: o artista está cada vez mais independente do pároco, o que não quer dizer separado. Mas a figura do cantor vive de rendas provenientes de estruturas artísticas, ou melhor, de engrenagens estabelecidas pelas regras do entretenimento. Precisamos dizer que antes do movimento gospel não era assim; ou o músico “vendia a alma ao diabo” cantando qualquer coisa em barzinho ou vivia rodando igrejas e recebendo ofertas. 

Cantores cristãos do seguimento religioso sobrevivem da bilheteria de shows, de festas religiosas organizadas por igrejas e prefeituras, da venda dos discos e não mais precisam restringir suas apresentações às famosas “oportunidades” dentro da liturgia de culto. Sendo assim, é correto prever que, ao ganharem independência financeira, os artistas religiosos, antes amparados pela renda da igreja local, ganhem também mobilidade. Separando melhor o show do culto, o palco do púlpito, a tensão arte/religião continua apenas no nível das ideias, ou no plano da justificativa, pois o movimento gospel continuará a defender sua arte como objeto didático-evangelístico, embora na prática grande parte do seu repertório já é para entretenimento; embora o novo texto da Rouanet considere a música gospel como manifestação cultural liberada para receber investimentos de empresários, desde que seja promovida por entidades profissionais do ramo artístico; embora alguns continuem a negar tudo isso. Embora...

O gospel é um movimento que influenciou definitivamente a trilha sonora da renovação carismática, unindo - ao menos esteticamente - os dois ramos principais do cristianismo brasileiro: católicos e protestantes. Já a canção religiosa evangélica, a centenária música sacra, sofreu imensa transformação nesses últimos 40 anos. Temáticas caras à ortodoxia cristã foram descartadas. Por outro lado, outras foram amplificadas tanto para artistas bem sucedidos no gospel quanto para aqueles que resolveram abster-se do movimento e criar outro mais restrito às igrejas históricas e círculos avessos ao barulhão da mídia. Enfim, ninguém que é crente e artista pode ignorar as transformações desse fenômeno que misturou música, religião, templo, teatro e mercado.

Mas há um passo importante a ser dado pela nova geração: assumir completamente sua vocação artística sem mais desculpas. Tanto o gospel quanto os críticos dele, andam desculpando sua arte. Quem pode dizer: sou artista e ponto? A nova geração. Essa mesma que reconhece a herança do movimento e se coloca como pós-movimento inserido completamente no universo das artes a fim de cultivar um renascimento cultural tecido na Esperança.

Quem pode interpretar a hinódia cristã anterior à marca gospel? Quem pode olhar para o movimento a partir de outra perspectiva? A nova geração que foi encontrada pelo Deus da história e anda fazendo arte na liberdade que existe Naquele que nos libertou para apenas ser. 

Deixa estar.

O Brasil é uma festa da corrupção


  
Descrição: http://www.ultimato.com.br/image/atualiza_home/principal/ultimas/opiniao/2012/4_abr/home_opi_02_05.jpgO país das bravatas. Antes das eleições o senador, o deputado, o governador, era o campeão da moralidade. Os palanques balançam com a retórica da indignação, mas depois das eleições lá estão eles na festa do crime e da corrupção, ou protegendo corruptos, sem que seus eleitores se envergonhem deles. Não temem punição, pois são eles que fazem as leis corporativas que os livrarão de pegar cadeia e devolver o que roubaram do povo. Antigamente se chamava de neurastenia, ou histerismo, berrar, gritar, falar alto, o que é mais comum nos brasileiros. O garçom atende mal, damos uma bronca nele. Mas um banco poderoso denuncia uma pessoa como devedora, fazendo-a perder crédito na praça, colocando-a na lista dos “ficha suja” por um débito de 30 centavos. Mas não se protesta por isso.

A crassa desonestidade – que se pode chamar eufemisticamente de “falta de ética” – que nos últimos tempos esquenta o ambiente cultural nacional é prova de que o Brasil mostra a sua verdadeira cara. O governador que antes foi líder estudantil encabeçando passeatas, defendeu os sem-terra, agora manda a polícia espancar e jogar gás em estudantes que fazem passeata; envia tropas de choque para desocupar “invasões” em propriedades de uma empresa multinacional, ganha pontos nas pesquisas e provavelmente vai reeleger-se nas próximas eleições. 

O congressista que se elegeu à custa da crescente população evangélica rouba do erário, promove parentes, enriquece-se com concorrências fraudulentas, privilegia os amigos e ONG’s evangélicas que recebem polpudas dotações “sociais” e devolvem comissões ao mesmo, e púlpitos de grandes igrejas lhes são oferecidos. Ele fala contra os “perseguidores do evangelho” que ousam apresentar evidências de seu enriquecimento ilícito, e garante que “aquelas verbas” continuarão vindo. Igrejas e laranjais se igualam.

O pastor milionário da TV vende seu produto: “Deus tem um plano de salvação para você, sua família, seus filhos e sua mulher. E você pode usar o credicard da igreja. Basta pedir o seu, e ir ao seu banco entregar sua oferta”. Jamais será indiciado por estelionato. Ele “prega o evangelho” enquanto aumenta a conta bancária da igreja da qual é dono, sem ter que dar satisfações ao Ministério da Fazenda.

Aliás, o eleitor evangélico, como os demais, jamais acreditará na responsabilidade implícita do seu voto. Não acreditará que ao votar deve-se exigir uma atuação parlamentar pela erradicação da pobreza extrema, da fome e das epidemias cíclicas; exigir educação completa da alfabetização à universidade; exigir cuidados com o meio ambiente. Poderia ser consciente de que toda a população de Marrocos equivale à população brasileira submersa na miséria; que 600 municípios brasileiros, nos 13 bolsões permanentes de miséria e pobreza extrema, necessitados de água potável, esgotos, escola em mínima qualidade, saúde pública e que é através do voto que se pode corrigir tudo isso. Será que interessa?

Aqui, nesse meio, quanto mais viva a corrupção mais sussurros, boca-miúda, pausas, silêncios. O corporativismo evangélico exige controle emocional, condena a raiva, transfere para o além as punições cabíveis; o grito e a indignação são condenáveis e revelam “ausência de espiritualidade” nos inconformados. São “sentimentos baixos”, indignos, impróprios para o crente. Não dá pra entender este país. Ou dá. 

Uma expressão latina, “corruptio optimi pessima est” (a corrupção dos melhores é a pior) identifica o que geralmente vemos acontecendo, tanto no Congresso Nacional, nas câmaras legislativas estaduais e municipais, como nas poderosas denominações evangélicas, ricas de puxar dinheiro com rodo. Sem impostos, claro.

O pastor líder da grande denominação é pego com a boca na botija, enriquece a olhos vistos, vive em luxo ostensivo, seus parentes gozam privilégios salariais impressionantes, a cúpula da organização eclesiástica ocupa residências nababescas, tem conta no exterior, não pagam impostos, porque o dinheiro vem da igreja. A comunidade evangélica silencia. Assume a conivência, compactua com a corrupção dos que ocupam altos cargos nas denominações, ou daqueles que os representam no Congresso. Fazer negócios e mercadejar produtos religiosos é privilégio da religião. É “assunto espiritual”, e estamos conversados. Ademais, a exaltação, esbravejar contra desmandos, gestos exagerados de inconformismo não pegam bem para o crente evangélico, diz o pastor no púlpito. Esqueceu que o silêncio trai mais a culpa do que a inocência. “Onde há fumaça há fogo”. O velho ditado não tem efeito nas igrejas.

O que diferencia o evangélico que domina as estatísticas da população brasileira religiosa? Distante do rigor moral do falecido protestantismo de missões, o novo evangélico reproduz a sociedade brasileira em suas piores características. O Brasil é uma festa de frouxidão ética. Pragmaticamente liberto do fundamento que “condena ao inferno”, a salvação pode ser comprada com a oferta no altar, e o evangélico tende a eleger a corrupção e o oportunismo político como “virtude” ou resultado de bem-aventurança.

Não importam os cultos, em todas as formas vigentes no Brasil a corrupção consentida vigora entre nós. Para o antropólogo, envolvido no estudo das culturas e tradições populares, Pedro Malazartes e Macunaíma são interessantes como protótipos culturais, engendrados para explicar a alma brasileira. São personagens aéticos, oportunistas, espertalhões, capazes de adaptarem-se e dar jeito em tudo, devorando princípios em antropofagia explícita. Ambiguidade? Aí está a palavra que melhor define a sociedade brasileira. Evangélicos também entram na farra e se divertem muito, ao que parece. 

A ambiguidade não é privilégio de ninguém. E nesse caso não se pode culpar o catolicismo de frouxidão moral, superstição. Nem a religiosidade popular, que a maioria cultiva, trazida na bagagem cultural ibérica ou lusitana, ou da África, dos terreiros e tambores candobleístas ou umbandistas; ou no tum-tum-tum rítmico da macumba. Evangélicos, católicos, espíritas kardecistas e afro-religiosos, brasileiros, nunca fomos tão iguais. A farra dura o ano inteiro, fazendo inveja ao Carnaval. E salve-se quem puder.

É pastor da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e autor do livro “O Dragão que Habita em Nós” (2010).


Cadeias do amor


Prefiro solicitar em nome do amor. FILEMOM 9
 
As cadeias de Cristo geram privilégios e obrigações. Paulo tinha direitos adquiridos na amizade com Filemom, que lhe devia a “própria vida”. Contudo, preferia não ordenar, mas pedir em nome do amor.
 
O amor não é só o sentimento, mas, sim, o compromisso de não pensar de si mesmo além do que convém, de ter o mesmo sentimento para com o outro, de preferir o outro em honra e de entregar-se pelo outro. O amor é longânimo, benigno e jamais acaba. Assim, em nome do amor Paulo pede a Filemom que receba Onésimo — seu “próprio filho” (“que gerei nas minhas prisões”) — de volta.
 
O amor nos permite dar frutos. Suas cadeias fecundam vidas que se desenvolvem em doces afetos e acres sacrifícios. Como poderia Filemom furtar-se às dores do parto? Como romper as amarras dos sentimentos injustos? A resposta é: pela graça de Deus, que traz a paz.
 
Em nosso coração, a lei se traduz em direitos e obrigações, que geram frustrações e iras. Por causa do pecado, somos condenados à escravidão. Filemom era escravo do direito e Onésimo, da lei natural da liberdade. Paulo, amparado pela lei, abrigava o escravo fugido. Tinham o direito de fugir, de exigir e de se separarem. Só a graça de Deus — lei do amor — poderia gerar filhos livres e irmanados, e trazer a paz.
 
Quando estivermos irados, ofendidos por causa de alguma injustiça cometida contra nós, as cadeias do amor podem fecundar nossos afetos a fim de que geremos graça e demos à luz a paz de Cristo.

Retirado de Devocionais Para Todas as Estações (Editora Ultimato, 2009)