Pastor ou magnata?

O repórter
fez questão de escrever (maliciosamente ou não): “De rolex de ouro no
pulso e cabelos implantados, o pastor recebeu “Veja” na sede de sua
igreja”. Durante a conversa, Malafaia entrou em detalhes: “[O implante]
custou 20 mil reais”, “ficou muito bom” e “fiz com o mesmo médico do Zé
Dirceu [o ex-ministro José Dirceu] e do Agripino [senador José Agripino
Maia]”.
Com referência ao seu trabalho religioso, o
pastor revela: “Estou construindo uma igreja linda, com
ar-condicionado, ao custo de 4 milhões de reais”; “[a Assembleia de Deus
Vitória em Cristo tem] 120 templos e eu quero chegar a 5 mil em dez
anos”; “[no ano passado] a igreja arrecadou 20 milhões de reais”; e
“pago entre 4 e 27 mil reais [aos pastores] dependendo da força, do
tempo dedicado [porque] a igreja não quer pastor maltrapilho”.
A
pergunta que surge é: Por que isso acontece com o homem que quer servir
a Deus e pregar as boas novas? Estaria ele contaminado por aquela sede
de poder e de influência que muitos de nós temos? Seria uma estratégia
para penetrar nas classes ricas? Para cuidar do rebanho e ganhar almas
para Cristo, o pastor precisa rodar em carro de luxo e ainda blindado?
Ele estaria sob ameaça de algum traficante, de algum inimigo, de algum
grupo gay?
O estilo de Silas Malafaia não é só dele. O pastor tem a companhia de alguns outros, no Brasil e no resto do mundo.
Quando
visitou o Brasil em março de 2012, como o principal preletor do 8º
Congresso Vida Nova, para falar na Universidade Presbiteriana Mackenzie e
na Faculdade e Mosteiro de São Bento -- ambos em São Paulo, SP -- e
para lançar mais um livro, o americano William Lane Craig ficou
impressionado com a emergência do país e com o rápido crescimento da
igreja evangélica brasileira. Porém fez algumas sérias críticas:
“Infelizmente o evangelicalismo brasileiro, muito comumente, é por
demais emotivo, centrado em personalidade e anti-intelecutal, o que
produz um grande número de desvios e faz com que a igreja penda para o
evangelho da prosperidade, a heterodoxia e, às vezes, até o sincretismo,
misturando espiritismo com cristianismo”. Para concluir, o visitante
declarou: “A igreja brasileira precisa, desesperadamente, do ensino da
sã doutrina e da apologética, se quiser concretizar seu potencial para o
Reino”.
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