
Voltaire nasceu em Paris em 21 de novembro de 1694. Seu
nome era François-Marie Arouet, só mais tarde adotou Voltaire. Seu
legado está ligado à poesia, à literatura, mas principalmente, ao
esforço de mostrar que a intolerância religiosa é perniciosa, maligna.
Milhares morriam na fogueira, nos garrotes, nas forcas, nas galés
imundas e ele não se conformava. Para Voltaire tais assassinatos não
tinham outro transfundo senão o fanatismo. No esforço de defender as
convicções do ataque daqueles que eram considerados hereges, padres,
pastores, príncipes, não hesitavam em condenar ao suplício. E isso era
indigno.
No final de sua obra, Tratado sobre a Tolerância, Voltaire incluiu uma prece.
Embora séculos já tenham passado, ela continua atual.
Vale repeti-la como uma oração nossa.
Embora séculos já tenham passado, ela continua atual.
Vale repeti-la como uma oração nossa.
__________________________________________
Oração a Deus
Voltaire
Voltaire
Não é mais aos homens que me dirijo, é a Ti, Deus de todos os seres,
de todos os mundos e de todos os tempos. Se é permitido a frágeis
criaturas perdidas na imensidão e imperceptíveis ao resto do Universo,
ousar Te pedir alguma coisa, a Ti que tudo criaste, a Ti cujos decretos
são imutáveis e eternos, digna-Te olhar com piedade os erros decorrentes
de nossa natureza. Que esses erros não venham a ser nossas calamidades.
Não nos destes um coração para nos odiarmos e mãos para nos matarmos.
Faz com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida
difícil e passageira; que as pequenas diferenças entre as roupas que
cobrem nossos corpos diminutos, entre nossas linguagens insuficientes,
entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas, entre
nossas opiniões insensatas, entre nossas condições tão desproporcionadas
a nossos olhos e tão iguais diante de Ti; que todas essas pequenas
nuances que distinguem os átomos chamados homens não sejam sinais de
ódio e perseguição; que os que ascendem velas em pleno meio-dia
para Te celebrar suportem os que se contentam com a luz do Teu sol; que
os que cobrem suas vestes com linho branco para dizer que devemos Te
amar não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto de lã negra.
Que seja igual Te adorar num jargão formado de uma antiga língua, ou
num jargão mais novo; que aqueles cuja roupa é tinjida de vermelho ou de
violeta, que dominam sobre uma pequena porção de um montículo de lama
deste mundo e que possuem alguns fragmentos arredondados de certo metal
usufruam sem orgulho o que chamam de grandeza e riqueza, e que os outros
não os invejem, pois Sabes que não há nessas vaidades nem o que
invejar, nem do que se orgulhar.
Possam todos os homens lembrar-se de que são irmãos! Que abominem a
tirania exercida sobre as almas, assim como execram o banditismo que
toma pela força o fruto do trabalho e da indústria pacífica! Se os
flagelos da guerra são inevitáveis, não nos odiemos, não nos dilaceremos
uns aos outros em tempo de paz e empreguemos o instante de nossa
existência para abençoar igualmente em mil línguas diversas, do Sião à
Califórnia, Tua bondade que nos deu esse instante.
Fonte: http://www.ricardogondim.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário