sábado, 10 de abril de 2010

Escândalo com assinatura

Carta do então cardeal Joseph Ratzinger, em 1985, reforça denúncias de que o atual papa não buscava a punição de religiosos envolvidos em casos de abuso sexual. Vaticano preferiu não se pronunciar sobre o conteúdo do documento

Uma carta datilografada em latim, datada de 6 de novembro de 1985 e com a assinatura do então cardeal Joseph Ratzinger, reforça as acusações de que a alta cúpula do Vaticano preferia encobrir os casos de desvios sexuais dos seus subordinados. O documento, obtido pela agência de notícias Associated Press, desmonta a versão apresentada pela Santa Sé de que o atual papa Bento XVI não bloqueou a remoção de padres pedófilos na época em que era responsável pela Congregação para a Doutrina da Fé.

"É preciso tomar o máximo de cuidados paternais que for possível"
Joseph Ratzinger - Papa Bento XVI
Na carta, que integra correspondência trocada entre a diocese de Oakland (nos Estados Unidos) e o Vaticano, Ratzinger resistia aos apelos para suspender um padre da Califórnia suspeito de abusar sexualmente de crianças. O futuro papa alegava que qualquer decisão de afastar o religioso deveria levar em linha de conta "o bem da igreja universal", e "o prejuízo que a suspensão poderia vir a ter na comunidade dos fiéis de Cristo, particularmente considerando a juventude". O padre em questão, Stephen Kiesle, tinha na época 38 anos. Ele só removido do sacerdócio em 1987. Em 2004, Kiesle foi julgado por 13 acusações de abuso sexual sobre menores e condenado em 2004 a seis anos de prisão.

O porta-voz do Vaticano, padre Frederico Lombardi, confirmou que a assinatura na carta era mesmo de Ratzinger, mas se recusou a comentar o conteúdo do texto. "O gabinete de imprensa não considera necessário responder a todo e qualquer documento, retirado do seu contexto, relativamente a situações legais particulares". Ele disse ainda que "não é estranho que existam documentos isolados com a assinatura do cardeal Ratzinger".

Fonte: Diario de Pernambuco

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