domingo, 8 de novembro de 2009

Debaixo do arado

Passaram o arado em minhas costas e fizeram longos sulcos. (Sl 129.3.)

Não foram tapas nas costas, não foram açoites. O sofrimento foi muito maior que o sofrimento provocado pelos tapas e açoites. O que os opressores fizeram com Israel foi fazer passar por suas costas o peso de um arado, cujas lâminas lhe abriram profundos sulcos (Sl 129.1-3).

Esta é a história do povo eleito quando se tornou numeroso e poderoso na terra do Egito, muito tempo depois da morte de José, quando subiu ao trono egípcio um rei que desconhecia a história de seu próprio povo no que concerne aos períodos das vacas gordas e das vacas magras (Êx 1.7-10). Esta é a história do povo eleito em não poucas outras ocasiões, como na época do cativeiro babilônico e na época do chamado holocausto, quando 6 milhões de judeus morreram na Europa.

Mas não são apenas as costas dos hebreus que têm marcas profundas abertas pelas lâminas do arado. As costas negras dos africanos e de quase todos os povos subjugados e oprimidos pelas nações poderosas também estão cheias de “longos sulcos”.

Apesar de todo o sofrimento, apesar das costas amassadas pelo peso do arado e manchadas de sangue, Israel que o diga: “Jamais conseguiram vencer-me” (Sl 129.2).
Porque, depois do sofrimento, vinham a convicção do pecado, o arrependimento e a conversão, o que, por sua vez, trazia em seu bojo mais um período sem o arado e sem as lâminas. Então, Deus mesmo libertava a nação “das algemas dos ímpios” e fazia retroceder envergonhados “todos os que odeiam Sião” (Sl 129.4,5).

Retirado de “Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos” (Editora Ultimato, 2006).

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