domingo, 29 de novembro de 2009

O cuidado de Deus

Ainda que eu passe por angústias, tu me preservas a vida da ira dos meus inimigos. (Sl 138.7.)

Em nenhum momento, Deus promete isentar-nos da dor, do imprevisto, da angústia nem da morte. Em nenhuma passagem das Escrituras, encontramos fundamento para esperar uma existência sem sofrimento. Ao contrário, a Palavra de Deus nos faz saber dos percalços da vida. O primeiro aviso foi dado ao primeiro ser humano logo após a queda porque foi ela que tornou viável o sofrimento: “Maldita é a terra por sua causa; com sofrimento você se alimentará dela todos os dias da sua vida” (Gn 3.17). O outro solene aviso foi dado por Jesus: “Neste mundo vocês terão aflições” (Jo 16.33). O que Deus promete é estar conosco em todos os momentos, principalmente nos períodos de dor.

Certo disso, o salmista abre-se diante de Deus: “Ainda que eu passe por angústias, tu me preservas a vida da ira dos meus inimigos; estendes a tua mão direita e me livras” (Sl 138.7).

Ele já havia mostrado essa certeza e essa confiança em situações ainda mais dramáticas: “Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois tu estás comigo” (Sl 23.4).

O salmista repousa não na promessa jamais feita de ausência de sofrimento, mas na promessa sempre repetida da presença do Senhor em meio ao sofrimento: “O Senhor está comigo, não temerei” (Sl 118.6).

Não se pode esperar o que Deus nunca promete. É preciso tomar todo o cuidado com a interpretação de suas promessas. Os dois caminhantes de Emaús esperavam a redenção política de Israel e não a redenção da culpa do pecado (Lc 24.20,21). No que diz respeito ao sofrimento, a promessa de Deus é clara: “Na adversidade estarei com ele; vou livrá-lo e cobri-lo de honra” (Sl 91.15).

Retirado de “Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos” (Editora Ultimato, 2006).

domingo, 8 de novembro de 2009

Grupo Logos

Debaixo do arado

Passaram o arado em minhas costas e fizeram longos sulcos. (Sl 129.3.)

Não foram tapas nas costas, não foram açoites. O sofrimento foi muito maior que o sofrimento provocado pelos tapas e açoites. O que os opressores fizeram com Israel foi fazer passar por suas costas o peso de um arado, cujas lâminas lhe abriram profundos sulcos (Sl 129.1-3).

Esta é a história do povo eleito quando se tornou numeroso e poderoso na terra do Egito, muito tempo depois da morte de José, quando subiu ao trono egípcio um rei que desconhecia a história de seu próprio povo no que concerne aos períodos das vacas gordas e das vacas magras (Êx 1.7-10). Esta é a história do povo eleito em não poucas outras ocasiões, como na época do cativeiro babilônico e na época do chamado holocausto, quando 6 milhões de judeus morreram na Europa.

Mas não são apenas as costas dos hebreus que têm marcas profundas abertas pelas lâminas do arado. As costas negras dos africanos e de quase todos os povos subjugados e oprimidos pelas nações poderosas também estão cheias de “longos sulcos”.

Apesar de todo o sofrimento, apesar das costas amassadas pelo peso do arado e manchadas de sangue, Israel que o diga: “Jamais conseguiram vencer-me” (Sl 129.2).
Porque, depois do sofrimento, vinham a convicção do pecado, o arrependimento e a conversão, o que, por sua vez, trazia em seu bojo mais um período sem o arado e sem as lâminas. Então, Deus mesmo libertava a nação “das algemas dos ímpios” e fazia retroceder envergonhados “todos os que odeiam Sião” (Sl 129.4,5).

Retirado de “Refeições Diárias com o Sabor dos Salmos” (Editora Ultimato, 2006).

Imagens do Congresso de Adolescentes 2009